domingo, 2 de abril de 2023

Hipocrisia, Autarcia, Kynissmós e a salada filosófica galáctica da semana.

Imaginei e fixei a imagem, ao longo da minha vida, do que seriam pessoas bem sucedidas;

Conheço algumas pessoas que já considerei exemplos de sucesso.

Mas como o sucesso é relativo ao observador, e inaugurei aos 40 uma ótica que particulariza mais as múltiplas características da vida, descobri também que alguns dos modelos de sucesso social, são fracassos profissionais.
Alguns sucessos profissionais, são fracassos financeiros. Alguns sucessos financeiros, são fracassos emocionais.

Ao categorizar aspectos da vida, percebi que pessoas autossuficientes são mal-vistas, tanto pelos bem sucedidos, quanto pelos fracassados (julguem-se os aspectos, há quem possa ser os dois);

O que caracteriza a auto-suficiência? (inclua aqui os superpoderes patéticos que você quiser, e/ou super defeitos risíveis que você elegeu no caminho, em sua "experiência de vida").

Tudo que você acha que sabe é desfocado,  encoberto por um véu. Na verdade por muitos véus: Há o véu da ingenuidade. O da ignorância. Da prepotência. Do amor. Da amizade. Do desprezo. Do despeito. Da Raiva. Da alegria. Da fé. Da descrença.

Cada sentimento nubla o raciocínio de forma tão automática, e ainda assim somos capazes de jurar que somos nós que governamos mesmo nossos pensamentos e ações.

Mentimos. Somos hipócritas de nascença.

A verdade é que temos  características que não são sempre comportadas e ordeiras, e na maioria das vezes essas características não vem "casadas" como num combo, como gostaríamos. É aquela história do "bom, rápido e barato". Você terá sempre 2, nunca os 3.

Nosso emocional é diferente do intelectual que pode ser absolutamente diverso do físico. Em geral, dois estarão de acordo, enquanto espernearemos pelo enquadramento do 3°.

Quando estes nossos 3 principais aspectos estão razoavelmente em ordem, somos autossuficientes. 

Obviamente, isso horroriza a plateia - que nada secretamente deseja o mesmo. 
A plateia, ao observar a própria incapacidade de atingir esse patamar (entrando aí nossa defesa maior, que vem de nascença),  ordena que apedreje-se a aberração que conseguiu ser autossuficiente.
"Exibido", "insensível" , "arrogante" , "esquisitão", "egoísta".
Ainda que a autossuficiência seja uma das inúmeras ilusões a que nos apegamos. Jamais somos 100% autosuficientes.
Nossas vidas são montadas sobre sistemas que dependem de sistemas.
Não ter luz elétrica, agua encanada e internet já é por si um pesadelo nos dias de hoje, e ninguém produz nada disso "sozinho".

Preguiça de terminar esse texto de forma minimamente decente.

Tô só divagando para o vácuo da internet.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Ir embora

É PRECISO IR EMBORA.

 Ir embora é importante para que você entenda que você não é tão importante assim, que a vida segue, com ou sem você por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes você acreditava só você resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de você pra seguir vivendo. 

 Nem sua mãe, nem seu pai, nem seu ex-patrão, nem sua empregada, nem ninguém. Parece besteira, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lide com isso. É preciso ir embora.

 Ir embora é importante para que você veja que você é muito importante sim! Seja por 2 minutos, seja por 2 anos, quem sente sua falta não sente menos ou mais porque você foi embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do seu aniversário , você estando aqui ou na Austrália. 

 Esse papo de “que saudades de você, vamos nos ver uma hora” é politicagem. Quem sente sua falta vai sempre sentir e agir. E não se preocupe, pois o filtro é natural. Vai ter sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase “Que saudade de você…” com “por isso tô te mandando esse áudio”; ou “porque tá tocando a nossa música” ou “então comprei uma passagem” ou ainda “desce agora que tô passando aí”.

Então vá embora. Vá embora do trabalho que te atormenta. Daquela relação que você sabe não vai dar certo. Vá embora “da galera” que está presente quando convém. Vá embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vá embora. Por minutos, por anos ou pra vida. Se ausente, nem que seja pra encontrar com você mesmo. Quanto voltar – e se voltar – vai ver as coisas de outra perspectiva, lá de cima do avião.

 As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta você decidir encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas." (Antônia Macchi)

sábado, 25 de abril de 2020

Pontos de vista

É clichê falar de ponto de vista. Porém acredito que isso é de fato a chave para todos os conflitos internos que alguém possa ter.

Sucesso ou fracasso. Desespero ou esperança. Fé ou descrença.

Então, eu estava divagando sobre o meu coração partido e elegi uma trilha sonora nova que percorre o trabalho magnífico de Freya Ridings. Ela é incrível. Mas tá cheio de gente no mundo que não acha. 

Eu pensei sobre a aventura que poderia ser ter minha paixão platônica concretizada, e alguém me perguntou se valeria a pena. Eu respondi que sim, mesmo que eu me fodesse, valeria a pena. E então esse alguém me perguntou:  porquê? E eu respondi: Porque eu nunca perco: ou ganho ou aprendo. Alguém por aí disse isso, não lembro quem nem o contexto, e faz todo sentido do mundo pra mim.

A perspectiva pode mudar tudo. 
E é bem clichê mesmo, é aquele lance de reclamar ou agradecer, saca?

Reclamar da chuva, ou aceitar e apreciar. Reclamar do azar ou sorte, ou olhar sob outro olhar.

Pensando sob esse prisma, meu coração partido tem que me ensinar alguma coisa. Não é possível que seja só dor e autopiedade. Eu preciso achar o outro ponto de vista, só que ainda estou viciada no sofrimento e apenas isso.

Eu sempre amei os filmes que não tem final feliz. Sempre achei que fosse porque isso é "mais próximo da realidade", afinal as pessoas morrem, apaixonam-se por outras, erram, desistem. 
 De fato, eu sempre gostei daquilo que me representa: estar de coração partido. É um vício quase tão perigoso quanto drogas. Você acaba buscando exaustivamente por algo que satisfaça o seu desejo. 
Na maioria das vezes não sabe exatamente o que procura, porque mentimos pra nós mesmos a maior parte do tempo. Mascaramos, distorcemos, e retorcemos a realidade e a verdade para que pareça menos feia aos olhos dos outros com os quais somos obrigados (ou não) a conviver. Ser masoquista é "feio". 

A verdade é que tudo é um ponto de vista. Nem todo mundo concorda comigo, nem todo mundo discorda. 

Eu já sei que sou viciada na dor de coração partido, preciso entender porquê. Preciso olhar por outros ângulos.

domingo, 19 de abril de 2020

Dilema

Eu não sei se escrevo sobre política - o que nesse momento me irrita muito- para deixar impressões registradas dessa época tão estranha da humanidade, faço um diário, ou me deixo levar pelo meu coração partido e volto a fazer pérolas de dor de cotovelo literárias.

sábado, 4 de abril de 2020

Inverno

Eu me apaixonei poucas vezes na vida.

Tenho um temperamento frio-seco que me impede de achar "maravilhoso" estar apaixonada, como vejo as pessoas acharem. Eu detesto estar apaixonada. É perturbador e inconveniente.

A última vez tinha sido em 2010, mas em 2019 eu me flagrei que estava perdida, e que provavelmente tinha começado em 2018. 

Eu sempre reflito sobre as coisas que eu penso e sinto. Eu sempre me pergunto como cheguei naquele desfecho, sentimento ou conclusão. Isso me ajuda a ver melhor o todo e tomar decisões mais racionais, mais lógicas.

Dessa vez foi (na verdade ainda está sendo) muito impactante, porque me atingiu em diversos preconceitos meus contra mim mesma. Aquelas coisas femininas de preocupação com a idade, com o peso, com a beleza. 

Eu demorei para me flagrar que estava apaixonada. Quando me flagrei, sofri. E sinto ainda, e é uma dor física. Não sou correspondida, o que piora e incrementa absurdamente todos aqueles preconceitos.

É outono na minha vida. Não há mais tempo nem razões para que eu me deixe levar por uma paixão. Ainda é verão na vida dele (embora ele não veja, não perceba), é o auge de tudo.

Mas para uma pessoa calculista e ~horrorosamente~ fria, é difícil não ser narcisista. Eu percebi que olho diretamente para um espelho. Me vejo, integralmente, exatamente como eu era, quando olho para ele. Eu o admiro porque admiro a mim mesma. Estraguei o "verão" da minha vida fazendo e sendo exatamente o que vejo ele fazer e ser. Ficou claro para mim que eu admiro a minha pior versão. Estou ali, espelhada nesse indivíduo que desejo tanto.

Talvez eu deseje apenas reviver minha pior fase por meio de outra pessoa.

Talvez eu seja tão absurdamente narcisista que seja incapaz de amar alguém diferente de mim (que é exatamente o que eu devia procurar). 

Eu vejo nele as minhas posturas, ouço dele as minhas falas, percebo nele os meus mesmos bloqueios, o inconfundível arsenal de justificativas e muros que também já usei como escudo e defesa, e mesmo assim, mesmo entendendo que estou presa a um espelho, não consigo deixar de querê-lo. 

Não correspondida e tendo que conviver de forma próxima, o meu sofrimento é mórbido e masoquista. Não há desespero, não há lágrimas. Não há nada além desse sentimento platônico e que me mantém fiel a quem não me deseja e não se importa. 

Logo vai ser inverno em 2020, e em alguns anos, vai ser inverno na minha vida também. Não falta muito. 

Há um trabalho de convencimento que preciso fazer em mim mesma, de deixar essa paixão de lado, e abandonar qualquer pretensão de concretizar qualquer fantasia.

Mas eu me perco quando ele sorri, quando ele fala de coisas que gosta porque seus olhos brilham. Me sinto completamente seduzida por sua meninice e pela aura magnética que ele não percebe que tem.

As folhas vão começar a cair para mim e não consigo evitar o pensamento magoado de querer mais tempo e chance de ser importante para ele, sabendo que não vai acontecer.

Saber que o tempo acaba é a maldição do ser humano.
Estar em estação diferente de quem se ama é uma dor sem remédio.